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Inteligência Artificial, Recondicionamento Profissional e o Impacto Psicossocial na Geração Mais Educada

  • Foto do escritor: Hélio Salomão Cordoeira
    Hélio Salomão Cordoeira
  • 23 de out.
  • 14 min de leitura

O novo contrato do trabalho humano


O século XXI começou com uma promessa: a tecnologia libertaria o ser humano das tarefas repetitivas, do cansaço físico e da precariedade.Mas, vinte anos depois, a promessa virou paradoxo.A mesma tecnologia que prometia aliviar agora acelera, exige, compara e substitui.


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De acordo com o Goldman Sachs (2024), a Inteligência Artificial (IA) poderá substituir o equivalente a 300 milhões de empregos em tempo integral no mundo. Ainda assim, especialistas apontam que o saldo final não será de desemprego, mas de recondicionamento humano — um processo global de reaprendizado e adaptação.

A Nexford University (2025) resume essa transformação em uma frase: “A IA não rouba empregos; ela redefine o que significa ser humano no trabalho.”É uma revolução silenciosa, que exige não só novas competências técnicas, mas uma reconstrução emocional coletiva.

No Brasil, o impacto é expressivo.Segundo a PNAD Contínua (IBGE, 2024), mais de 31 milhões de empregos poderão ser parcial ou totalmente automatizados nas próximas décadas. Profissões como analistas financeiros, contadores e assistentes administrativos já figuram entre as mais vulneráveis.Ao mesmo tempo, o país lidera a América Latina em otimismo tecnológico (26%), segundo a ADP Research (2025) — um dado que revela tanto esperança quanto negação.


A ansiedade da obsolescência

A nova era do trabalho não se define apenas pela automação, mas pelo sentimento que ela desperta: o medo de se tornar irrelevante.A cada nova tecnologia lançada, um mesmo pensamento se repete — silencioso, mas constante —: “E se eu não for mais necessário?”Essa é a base do que psicólogos organizacionais têm chamado de ansiedade de obsolescência, um estado emocional que se instala quando a velocidade da mudança supera a capacidade humana de se adaptar.

Pesquisas recentes da ADP Research (2025) mostram que 1 em cada 10 trabalhadores brasileiros teme perder o emprego diretamente por causa da Inteligência Artificial.No plano global, o Pew Research Center (2025) aponta que 50% das pessoas se dizem mais preocupadas do que entusiasmadas com a expansão da IA.Mas o fenômeno vai além das estatísticas: o medo de ser substituído deixou de ser apenas econômico — ele se tornou identitário.

Segundo a psicóloga social Jennie Brand (2015), a perda de emprego está associada a impactos psíquicos comparáveis a um trauma.A ameaça constante de substituição, ainda que hipotética, produz efeitos semelhantes: insônia, hiperprodutividade defensiva e a sensação de que é preciso provar valor o tempo todo.É o que a ABS Behavioral Health (2025) chama de “síndrome da substituição iminente” — uma resposta ansiosa caracterizada por exaustão antecipada e busca obsessiva por atualização.

O paradoxo é evidente: quanto mais se fala em “reskilling” e “upskilling”, mais cresce a insegurança emocional.As empresas estimulam o aprendizado contínuo, mas raramente oferecem tempo, suporte e estabilidade para que esse aprendizado aconteça.A lógica é de sobrevivência, não de evolução: o trabalhador que não acompanha o ritmo da tecnologia sente que deixa de existir — antes mesmo de ser substituído.

Esse fenômeno é particularmente agudo em sociedades como a brasileira, onde a educação ainda é o principal marcador de mobilidade social.Para quem cresceu acreditando que “estudar garante o futuro”, o avanço da automação tem um efeito simbólico devastador: ele desmonta a narrativa de segurança que sustentou uma geração inteira.

A ansiedade da obsolescência é, portanto, uma nova forma de precarização emocional.Ela não depende da perda real do emprego, mas da percepção constante de que o próprio valor está em risco.A cada nova versão de software, a cada atualização de algoritmo, o indivíduo sente que precisa se reconfigurar para continuar relevante — como se a própria identidade tivesse prazo de validade.

“O medo de ser substituído pela IA é, no fundo, o medo de deixar de ser visto.”— Equipe de Pesquisa Althea, 2025

E esse medo não é irracional.A OIT (2025) estima que até 40% das tarefas cognitivas de rotina poderão ser automatizadas até o fim da década.Mas o impacto mais profundo não está nas funções que desaparecem — está nas funções que permanecem, mas mudam de sentido.Profissionais passam a competir com sistemas mais rápidos, precisos e baratos, enquanto tentam provar o que ainda os torna únicos: criatividade, empatia, intuição.

O desafio não é apenas técnico — é simbólico.A IA não está apenas reorganizando o mercado de trabalho; está redefinindo o que significa ser humano no trabalho.E essa redefinição, sem espaço para pausa ou reflexão, tem custo emocional.Por trás das metas, dashboards e algoritmos, há um trabalhador com medo — não da máquina, mas do esquecimento.


A geração mais jovem, mais educada — e mais ansiosa

A geração Z chegou ao mercado de trabalho com o diploma nas mãos e a promessa de ser a mais preparada da história.Mas o que encontrou foi um mundo em transformação acelerada, onde o conhecimento envelhece mais rápido que as pessoas e onde o sucesso parece uma corrida sem linha de chegada.

Dados da Fiocruz (2024) mostram que 38% dos jovens brasileiros entre 18 e 29 anos relatam sintomas compatíveis com transtornos de ansiedade — o maior índice entre todas as faixas etárias.É também o grupo com maior tempo médio de exposição a telas (9h24 por dia, AtlasIntel, 2024) e com a maior sensação de exaustão emocional constante (44%).A tecnologia, que deveria ampliar possibilidades, tornou-se uma fonte de sobrecarga mental e de medo de ficar para trás.

No mundo inteiro, a história se repete.A Pew Research Center (2025) revela que 61% dos jovens adultos acreditam que a Inteligência Artificial reduzirá a capacidade humana de pensar criativamente, e 58% acham que ela dificultará a formação de relações significativas.É a primeira geração a crescer em plena simbiose com as máquinas — e também a primeira a sentir que essa proximidade ameaça sua identidade.

Ao mesmo tempo, essa é a geração com o maior nível educacional da história, e paradoxalmente, a mais subutilizada.Nos Estados Unidos, o Burning Glass Institute (2025) mostra que metade dos recém-formados estão em empregos que não exigem diploma superior.No Brasil, o cenário é semelhante: o desemprego juvenil é o dobro da média nacional (IBGE, 2024), e 40% dos jovens empregados estão na informalidade.A educação deixou de ser garantia de futuro — e passou a ser apenas o ponto de partida de uma corrida infinita.

“O diploma se tornou o novo ensino médio. E o conhecimento, uma assinatura mensal.”— Equipe de Pesquisa Althea, 2025

A geração mais jovem vive o paradoxo de ter acesso à informação ilimitada, mas pouco acesso à estabilidade.E a instabilidade, por sua vez, é combustível para o medo.O CYPHER Learning (2024) mostra que dois terços dos jovens brasileiros acreditam que a escola e a universidade não os prepararam para o mercado digital real.Eles dominam as ferramentas, mas não confiam nelas — nem em si mesmos.

Essa sensação de desencaixe cria o que os pesquisadores da Harvard Business Review (2024) chamam de ansiedade de transição permanente: o estado psicológico de quem está sempre se adaptando, mas nunca se sentindo pronto.A cada nova ferramenta de IA, a cada mudança no algoritmo, surge a dúvida: “E se o que eu aprendi já não servir amanhã?”

Essa dúvida é o núcleo do sofrimento dessa geração — um tipo de esgotamento que mistura futuro incerto com autopercepção instável.A Geração Z não teme apenas perder o emprego; teme perder relevância, visibilidade e sentido.Nas palavras da psicóloga americana Sherry Turkle, “nunca estivemos tão conectados, e nunca estivemos tão sozinhos”.

O cenário é agravado pela precarização simbólica das novas formas de trabalho.Na economia digital, jovens são freelancers, criadores de conteúdo, estagiários de startups e operadores de plataformas — todos conectados, mas poucos protegidos.Eles não têm o mesmo horizonte de estabilidade que moldou as gerações anteriores; vivem em uma lógica de microprojetos e microreconhecimentos, onde cada tarefa é um teste de permanência.Essa fragmentação constante da identidade profissional alimenta a ansiedade e corrói a noção de propósito.

A geração mais educada é, assim, também a mais vulnerável emocionalmente ao ritmo da inovação.O aprendizado contínuo, antes símbolo de crescimento, transformou-se em estratégia de sobrevivência.O recondicionamento deixou de ser uma oportunidade e passou a ser um modo de existir.

“Nunca uma geração soube tanto — e se sentiu tão pouco suficiente.”— Althea Engenharia de Emoções, 2025

Essa é a ironia do progresso tecnológico: quanto mais o mundo se automatiza, mais o ser humano precisa justificar sua presença nele.E essa justificativa, agora, custa saúde mental.


IV. A cultura da hipercompetência

A geração hiperconectada também é a geração hipervigilante.Ela cresceu sob o imperativo da performance — onde toda pausa é culpa e todo descanso parece atraso.O mundo digital transformou a comparação em métrica, o esforço em conteúdo e a vulnerabilidade em estética.Nesse ambiente, a ansiedade não é uma exceção clínica, mas uma condição de pertencimento.

Relatórios da Common Sense Media (2024) e da AtlasIntel (2024) revelam que 80% dos jovens brasileiros sentem pressão para “parecer felizes e produtivos online”, enquanto 41% associam piora da saúde mental ao uso constante das redes sociais.Não é coincidência: o mesmo espaço onde se busca reconhecimento é o que mais amplifica a autocrítica.O algoritmo não perdoa pausas — e o cansaço se tornou invisível, porque precisa parecer inspirador.

O ambiente de trabalho, por sua vez, reproduz essa lógica.Sob o discurso de inovação e alta performance, empresas frequentemente transformam o bem-estar em KPI — medindo equilíbrio emocional com o mesmo rigor que medem entregas.Segundo a McKinsey (2024), 73% dos jovens profissionais afirmam sentir “pressão constante para demonstrar competência, mesmo em situações de incerteza”.A performance virou um idioma emocional: um modo de provar valor num mercado que não sabe o que fazer com a vulnerabilidade.

“No capitalismo da atenção, a produtividade é o novo afeto.”— Equipe de Pesquisa Althea, 2025

Essa cultura da hipercompetência está diretamente ligada ao fenômeno do burnout precoce.Estudo da Fiocruz (2024) mostra que 28% dos trabalhadores brasileiros com menos de 30 anos já apresentam sintomas de esgotamento profissional.A síndrome, antes associada a executivos e gestores, tornou-se uma epidemia silenciosa entre jovens em início de carreira — muitos deles vivendo o paradoxo de buscar equilíbrio em empresas que tratam descanso como descompromisso.

O esgotamento precoce é alimentado pela estética da excelência.A Geração Z internalizou o mantra do “faça mais com menos” — mas em um ambiente onde nada é suficiente por muito tempo.As metas se renovam em ciclos cada vez mais curtos, e a visibilidade se tornou critério de competência.Não basta ser bom — é preciso ser notado, seguido, compartilhado, admirado.A ansiedade de desempenho substituiu a curiosidade pelo medo de errar.E sem erro, não há aprendizado.

Nas redes, esse comportamento assume contornos mais simbólicos.A exposição constante cria uma economia emocional baseada em validação — curtidas, visualizações, métricas de aprovação.O sujeito contemporâneo é avaliado em tempo real, o que gera uma vigilância interior permanente.Como descreve a psicóloga Sherry Turkle (MIT), “não é a tecnologia que nos esgota, é a exigência de manter uma persona funcional o tempo todo”.

Essa hipercompetência digital também desumaniza a colaboração.Pesquisas do LinkedIn (2025) apontam que 62% dos profissionais de até 30 anos evitam pedir ajuda por medo de parecerem despreparados.A autonomia, que deveria ser sinal de maturidade, tornou-se máscara de exaustão.A geração que mais fala sobre saúde mental é também a que mais sofre em silêncio — não por falta de discurso, mas por falta de espaço para a imperfeição.

“O novo burnout não nasce do excesso de trabalho, mas da impossibilidade de ser imperfeito.”— Althea Engenharia de Emoções, 2025

Essa cultura da hipercompetência redefine o sofrimento profissional:não se trata mais de cansaço físico ou mental, mas de cansaço existencial.Uma fadiga produzida pela necessidade de estar sempre à altura — de si mesmo, do mercado, do algoritmo, do olhar alheio.Um tipo de desgaste que não se cura com férias nem com aplicativos de meditação, porque nasce da confusão entre valor humano e desempenho mensurável.

A hipercompetência é o novo ideal moral da era digital.Mas toda moralidade extrema produz seus mártires.E os mártires dessa era não morrem — apenas deixam de sentir.


A geração mais educada, o mercado mais indiferente

Nunca tantos jovens estudaram tanto — e nunca foi tão difícil transformar o conhecimento em estabilidade.O diploma, que já funcionou como um passaporte para o futuro, hoje parece um bilhete de embarque para lugar nenhum.

Nos Estados Unidos, o Burning Glass Institute (2025) mostra que metade dos recém-formados estão em empregos que não exigem nível superior.E, pela primeira vez, a taxa de desemprego entre jovens com diploma é maior do que entre aqueles com apenas o ensino médio.A inteligência artificial e a automação aceleraram um fenômeno que já se desenhava há mais de uma década: o descompasso entre qualificação e oportunidade.

O que era antes uma vantagem — ter formação acadêmica — agora se torna fonte de frustração.No Brasil, o quadro é semelhante: segundo o IBGE (2024), o desemprego entre jovens de 18 a 29 anos é o dobro da média nacional, e 40% dos empregados nessa faixa etária estão na informalidade.A Fundação Getulio Vargas (2024) aponta que um terço dos graduados no país trabalha em áreas sem relação com a formação original.A promessa da meritocracia educacional não sobreviveu ao ritmo da automação.

“O mercado pede jovens experientes, criativos, tecnológicos e resilientes — mas oferece estágios eternos.”— Equipe de Pesquisa Althea, 2025

Esse desalinhamento estrutural tem raízes profundas.A IA está automatizando justamente as funções de entrada — aquelas que tradicionalmente eram o primeiro degrau da carreira.Análise de dados, atendimento, relatórios, revisão de texto, suporte técnico — tarefas que formavam o “berço de aprendizado” do jovem profissional — agora são feitas por algoritmos.Com a base da pirâmide corroída, a transição entre estudo e emprego se tornou um salto no vazio.

A CYPHER Learning (2024) revela que dois terços dos jovens brasileiros acreditam que sua formação não os preparou para o mercado digital.Eles dominam ferramentas, mas não encontram espaço para aplicá-las.A escola ensina o que o mercado já substituiu.O resultado é uma geração de profissionais que carrega o peso da qualificação sem o retorno da empregabilidade — um paradoxo que se expressa em angústia e desânimo.

O termo underemployment (subemprego) ganhou nova dimensão:não é mais apenas sobre salário, mas sobre subutilização de potencial cognitivo e emocional.Trabalhar em uma função aquém da própria capacidade não é só uma perda econômica — é uma microagressão simbólica.É viver diariamente a sensação de que o esforço não se converte em reconhecimento.

Segundo a ADP Research (2025), 30% dos brasileiros que temem ser substituídos por IA estão ativamente buscando novos empregos — o dobro da taxa entre os que não têm essa preocupação.A ansiedade de substituição se mistura ao sentimento de injustiça: o trabalhador sente que está em uma corrida que não pode vencer, porque as regras mudam enquanto ele ainda corre.

Esse cenário gera uma contradição: a geração mais adaptável da história é também a que menos se sente pertencente.Ela aprendeu a atualizar sistemas, mas não consegue atualizar a própria segurança psicológica.A volatilidade do mercado produz um tipo de desgaste que não se trata com terapia — porque não é individual.É estrutural.O problema não está na mente dos jovens, mas no modelo de trabalho que transforma aprendizado em punição.

“Estamos educando pessoas para competir com máquinas, quando deveríamos prepará-las para fazer o que as máquinas nunca farão: cuidar, imaginar, criar.”— Althea Engenharia de Emoções, 2025

O mercado de trabalho moderno não está em crise de talento — está em crise de reciprocidade.Pede competências humanas, mas responde com métricas desumanas.Pede inovação, mas não oferece segurança para quem arrisca.E, ao normalizar o colapso emocional da juventude, transfere a responsabilidade da adaptação para o indivíduo — como se o problema fosse falta de resiliência, e não excesso de ruído.

A geração mais educada, afinal, não quer apenas emprego.Quer pertencimento, propósito e tempo para existir fora das planilhas.Mas o mercado ainda insiste em tratá-la como variável de eficiência.E enquanto isso não mudar, o futuro continuará sendo um lugar sem vagas. O recondicionamento emocional

O mundo corporativo fala muito em recondicionamento profissional — reskilling, upskilling, aprendizado contínuo.Mas quase nunca fala sobre o que realmente está sendo recondicionado: as emoções humanas.A ansiedade, o medo de errar e a busca por relevância se tornaram variáveis da produtividade, mas não há planilha capaz de medir o custo psíquico desse processo.

O avanço da Inteligência Artificial não está apenas exigindo novas habilidades técnicas — está forçando uma reorganização interna.Para permanecerem funcionais, os profissionais precisam aprender a lidar com a incerteza, com a ambiguidade e com a obsolescência emocional de tudo o que sabem.Esse não é um desafio de treinamento; é um desafio de sentido.

Segundo o World Economic Forum (2025), as habilidades mais demandadas nos próximos cinco anos não serão tecnológicas, mas emocionais e criativas: pensamento crítico, empatia, adaptabilidade e resiliência.A contradição é evidente — nunca se falou tanto em humanização, e nunca estivemos tão desconectados da experiência humana.

“O futuro do trabalho não será sobre substituir pessoas por máquinas, mas sobre substituir a indiferença por empatia.”— Althea Engenharia de Emoções, 2025

Esse recondicionamento emocional não é opcional.Ele começa quando o indivíduo entende que não precisa competir com a máquina, mas compreender o que o diferencia dela.Enquanto a IA aprende padrões, o ser humano precisa reaprender significados.E isso exige desapego: das certezas, dos títulos, das métricas e até da própria ideia de controle.

A Harvard Business Review (2024) já chama essa transição de “a nova alfabetização emocional do século XXI”.Não basta mais saber operar sistemas — é preciso sustentar o próprio sistema interno em um ambiente onde tudo é mutável.A resiliência, nesse contexto, não é resistência ao novo, mas plasticidade diante da mudança.

O desafio é que as empresas ainda tratam saúde emocional como custo e inovação como investimento — quando, na verdade, uma depende da outra.A McKinsey (2024) mostra que companhias com programas estruturados de bem-estar emocional têm ROI médio de 4:1 e 85% mais eficiência operacional.Cuidar das pessoas não é caridade — é inteligência estratégica.Mas isso requer algo mais profundo do que benefícios corporativos: requer cultura de segurança emocional.

O recondicionamento emocional que o século XXI exige não virá de treinamentos, mas de mudanças de valor.De um novo pacto entre tecnologia e humanidade.Porque a ansiedade da obsolescência não nasce da máquina, mas da falta de espaço para o humano dentro dela.

“A IA não rouba o que somos. Ela apenas revela o quanto esquecemos de ser.”— Equipe de Pesquisa Althea, 2025

A revolução que está em curso não é tecnológica — é relacional.A cada avanço de código, cresce a necessidade de conexão.E talvez esse seja o verdadeiro reskilling do nosso tempo: reaprender a sentir, a ouvir e a cuidar em um mundo que está reaprendendo a pensar.

A Inteligência Artificial já está pronta.Quem ainda precisa se atualizar é a inteligência emocional. A revolução que ainda não começou

Toda revolução tecnológica começa com uma promessa — e termina com um espelho.A Inteligência Artificial, como o vapor e a eletricidade em seus tempos, veio carregada de expectativas messiânicas: produtividade infinita, conhecimento sem limites, eficiência total.Mas nenhuma tecnologia é neutra.Ela amplifica o que somos — o melhor e o pior.E o que vemos refletido hoje é uma sociedade que corre mais rápido do que consegue respirar.

A chamada “geração mais educada da história” não está em crise de informação, mas de significado.Aprendeu a decifrar algoritmos, mas não a sustentar incertezas.Tem domínio técnico, mas sente falta de chão simbólico.Vive sob o paradoxo de estar sempre online e, ainda assim, se sentir desconectada — de si mesma, do outro, do tempo.

O trabalho, que um dia foi sinônimo de dignidade, tornou-se um campo de sobrevivência emocional.Entre o medo de ser substituído e a necessidade de se provar, o indivíduo moderno opera como se o próprio valor fosse uma atualização de software: temporária, descartável, reversível.A cada ciclo de inovação, surge um ciclo de ansiedade — e o progresso vai deixando rastros de esgotamento atrás de cada avanço.

“Não é a IA que ameaça o humano — é o modo como desaprendemos a ser humanos diante dela.”— Althea Engenharia de Emoções, 2025

Há um tipo de revolução que ainda não começou.Não aquela dos códigos, mas a das conexões.Não a das máquinas, mas a das relações.Um movimento silencioso, que começa quando o cuidado volta a ser critério de valor — quando o tempo recupera dignidade, e o afeto volta a caber nas planilhas.

O futuro do trabalho não será decidido pelos algoritmos, mas pelas escolhas éticas que fizermos agora.A tecnologia vai continuar aprendendo; a pergunta é se nós continuaremos sentindo.E talvez seja essa a maior atualização que o século XXI nos exige: reaprender a ser humanos com a mesma intensidade com que ensinamos as máquinas a pensar.

A revolução da inteligência já começou.A da emoção — essa, ainda está por vir. Conclusão — A revolução que ainda não começou

A geração mais educada da história está diante da prova mais difícil:reaprender o que significa ter valor.

Não é mais o diploma, nem o cargo, nem a estabilidade que define o futuro — é a capacidade de preservar a sanidade num sistema que se reinventa mais rápido do que o cérebro humano consegue acompanhar.

A IA é só o espelho.Ela reflete a pressa, o medo e o desejo de controle de uma sociedade que esqueceu de respirar.O verdadeiro recondicionamento que o século XXI exige não é técnico — é emocional.

“O futuro do trabalho será medido menos por produtividade e mais por presença humana.”— Althea Engenharia de Emoções, 2025

Referências (ABNT simplificado)

  • ADP Research. People at Work 2025: Global Workforce View. Londres, 2025.

  • AtlasIntel. Relatório Juventude e Saúde Mental Digital. São Paulo, 2024.

  • Blustein, D. & Guarino, P. (2020). Psychology of Working and Meaning of Work in the Age of Automation.

  • Brand, J. (2015). Losing Work: Unemployment and Mental Health. Annual Review of Sociology.

  • Burning Glass Institute. Higher Education and Employability Report. Boston, 2025.

  • Common Sense Media. Teens, Social Media, and Mental Health. San Francisco, 2024.

  • CYPHER Learning. Educação e Preparação Profissional da Geração Z. São Paulo, 2024.

  • Fiocruz. Juventude, Sofrimento Psíquico e Trabalho no Brasil. Rio de Janeiro, 2024.

  • Goldman Sachs. Generative AI and the Global Economy. Nova York, 2024.

  • IBGE. PNAD Contínua 2024: Trabalho e Tecnologia. Brasília, 2024.

  • Medium. The Gen Z Anxiety Paradox. Nova York, 2025.

  • Nexford University. The Age of Reskilling. Londres, 2025.

  • Pew Research Center. AI and the Future of Work: Global Public Opinion. Washington, 2025.

  • World Economic Forum. The Future of Jobs 2025. Genebra, 2025.

  • World Happiness Report. Sustainable Wellbeing and Mental Health. ONU, 2025.

 
 
 

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