Cresce o número de profissionais em plataformas e modelos remotos, mas cenário escancara precarização e demanda revisão da gestão emocional no ambiente corporativo

O Brasil vive uma crise e ela custa caro. Os números da saúde mental deixaram de ser apenas indicadores clínicos: tornaram-se o retrato econômico de uma sociedade exausta. De acordo com a Ipsos (2025), mais da metade dos brasileiros (52%) afirma que a saúde mental é, hoje, o principal problema de saúde pública do país.

Nos últimos anos, o mundo passou a medir o progresso não apenas em PIB ou produtividade, mas também em saúde emocional. Segundo o novo relatório da Ipsos (2025), 52% dos brasileiros consideram a saúde mental o principal problema de saúde pública do país — superando o câncer e as doenças cardiovasculares. No plano global, quase metade da população mundial compartilha a mesma percepção. O que antes era tabu se tornou a principal pauta sanitária, corporativa e social da década.

Empresas com maior inteligência emocional deixaram de enxergar o cuidado com as pessoas como gasto — agora, investem nos colaboradores como capital essencial.

Ouvir é fundamental, mas criar um espaço seguro — onde o colaborador se sinta protegido para expressar desconfortos, dúvidas e angústias — é o que realmente transforma ambientes. Especialistas, como Ines Hungerbühler, destacam que "o ambiente onde as pessoas podem se expressar livremente, questionar, errar sem medo... é o fundo fértil para um cuidado psicológico bem-sucedido"

Na última década, a saúde mental deixou de ser uma preocupação restrita ao universo clínico para ocupar o centro das decisões organizacionais. Em sua palestra “Do Invisível ao Inadiável”, a psicóloga Andressa Roveda, especialista em neuropsicologia e gestão de pessoas, traça um panorama contundente sobre a urgência de transformar a forma como o mundo corporativo lida com a saúde emocional dos seus colaboradores.